segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Atrasei-me

Não foi quando as conheci. Foi quando percebi que íamos ser amigas. Das que falam, falam, falam. Das que ficam ao lado. Das que fazem pensar: estas quatro. Pensei: cheguei tarde. Em dois momentos pensei: atrasei-me e agora não há nada a fazer. Foi quando vi fotografias do casamento e do coche a descer a Sé. E quando ouvi a descrição da despedida de solteira que não precisou de strips. Pensei: nada a fazer. Já passou e eu não estive lá. E já tinha desistido de pensar nisso. Tinha dado o caso por encerrado. Só que há doidos para tudo. E agora que chegamos a 2009 depois de um ano de muito drama, ela dá-nos a notícia: vou casar. Mas não nos dá a notícia no dia em que é pedida em casamento, à pressa, ao telefone. Nem nos chama lá a casa para um chá e uma fatia de bolo de chocolate. Escolhe dar-nos a notícia enquanto faz uma rotunda. Tira a mão do volante enquanto faz a rotunda e mostra-nos o anel. E nós fazemos o que se espera de nós: gritamos, olhamos umas para as outras e gritamos mais. E eu penso: afinal cheguei a tempo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Eu não ouvi bem

Há um piloto que faz uma amaragem (um milagre, digamos) no rio Hudson, em Nova Iorque, e um piloto português diz isto: "Já me aconteceu várias vezes chocar com pássaros." É piada, não é? No Jornal da Noite fez-se o mesmo: "Todos os pilotos são treinados para fazer isto, ter conseguido salvar 150 pessoas é normal dentro da anormalidade, planar é o prato do dia dos aviões comerciais." É normal perder dois motores, levar 150 pessoas a bordo, aterrar num rio cuja água está a oito graus negativos e conseguir que ninguém morra? O que aconteceu ontem é normal? Tenham juízo, sim? Aproveitem uma notícia que em vez de nos contar que um avião caiu nos conta que um avião se podia ter espatifado sobre Manhattan e não estatifou. O que aconteceu ontem podia ter sido fabricado para ser propaganda política (da melhor que há) para Obama. E por aí se vê que o que aconteceu foi mesmo muito importante. Também só podia. Com um nome assim (Chesley Sullenberg III), este piloto só podia estar destinado a ser notícia. Estava a pedi-las.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Eu ia dizer

fuck 2008. Mas não posso. Perde o blogue em tristeza lírica, ganho eu em património afectivo. E em ano de crise financeira, quero ver se não ponho nem cabeça nem coração no prego.